Pagamentos digitais podem poupar aos cidadãos europeus até 250 mil milhões por ano
A Visa apresentou um estudo conduzido pela Morning Consult entre maio e junho de 2024. É o seu primeiro estudo sobre a forma como os pagamentos digitais influenciam a eficiência económica e contribuem para uma sociedade mais conectada e inclusiva.
O estudo identifica as principais tendências que estão a moldar o futuro dos pagamentos: a identidade digital; a ascensão dos consumidores como vendedores; a multiplicação de serviços configuráveis; as finanças integradas e a inteligência artificial (IA).
A IA é apontada pela Visa como um fator essencial de mudança. Os europeus podem vir a poupar até 250 mil milhões de euros por ano se adotarem ferramentas digitais de gestão, como a IA generativa, para gerirem as suas finanças.
De acordo com o estudo, 36% dos inquiridos afirmam confiar mais na IA agora do que há um ano, percentagem que sobe para 47% entre a Geração Z (designação sociológica dada ao conjunto de pessoas que nasceu entre os anos de 1995 e 2010).
As conclusões foram reveladas no Visa Payments Forum Europe, que decorreu em Paris de 3 a 6 de setembro e que contou com a presença de mais de 1.000 bancos clientes e parceiros.
Os resultados indicam que a democratização do acesso aos dados vai aumentar a confiança dos consumidores nas empresas.
Este estudo, que inquiriu 8.000 europeus, revelou que 69% dos entrevistados acredita que as empresas beneficiam mais da utilização dos seus dados do que eles próprios.
Outra conclusão é que os consumidores estão mais preocupados com a forma como os seus dados serão utilizados do que com os benefícios pessoais que daí possam retirar.
O estudo concluiu também que, quando os consumidores têm maior controlo sobre os seus dados, estão mais dispostos a partilhá-los com empresas em que confiam, para que os utilizarem de forma responsável.
A biometria também é indicada como tendo o poder de desbloquear inúmeras potencialidades. As proteções biométricas, numa carteira digital ou num documento de identidade, reduzem o atrito muitas vezes criado pelas palavras-passe. Ou seja, a Visa estima que o recurso à biometria possa ajudar as empresas a obter até 43 mil milhões de euros em vendas anuais adicionais – e reduzir a fraude em até 483 milhões de euros por ano.
“O aumento das possibilidades de escolha na hora de pagar”, tem também um peso interessante nas conclusões deste estudo.
A Visa explica que um retalhista que adicione a opção ‘Click to Pay’ ao checkout online pode aumentar as suas receitas até 30% – o que pode levar a um aumento anual de até 51 mil milhões de euros nas vendas de comércio eletrónico das PME na União Europeia e no Reino Unido.
“Verificam-se, hoje, múltiplas formas de interagir com os retalhistas e prestadores de serviços, mas uma interface digital personalizável, que permita um maior controle e visibilidade sobre as opções de pagamento e transações financeiras, trará, certamente, inúmeros benefícios”, conclui o estudo.
Quanto aos pagamentos ‘phygital’ (combinação de físico e digital), prevê-se que se tornem parte integral das nossas transações diárias – como o pagamento através de gestos; comandos de voz, ou através de sistemas integrados no automóvel (como o pagamento de portagens ou o abastecimento de combustível) sem utilização de um cartão bancário ou telemóvel.
As finanças integradas deixarão de ser uma novidade e passarão a ser a norma, conclui ainda a empresa mundial de pagamentos.
Hoje, qualquer pessoa pode tornar-se vendedor com apenas alguns cliques (e assim surgem milhares de milhões de vendedores). A IA pode apoiar estes ‘nano-vendedores’ na expansão dos seus negócios.
O mesmo estudo indica que 71% das PME e dos empresários concordam que, se a IA os ajudar a fazer crescer o seu negócio, confiarão nessa tecnologia para o fazer.
Vale a pena mencionar que 67% das PME europeias estão atualmente digitalizadas, e se colmatássemos essa lacuna de 33%, as empresas teriam um aumento combinado das receitas de mais de 200 mil milhões de euros, por ano, em termos reais.
Charlotte Hogg, diretora-geral da Visa Europa, salienta o potencial da tecnologia para revolucionar o comércio, que “traz benefícios a milhares de milhões de vendedores, indivíduos e economias”.
“A tecnologia que, ainda não há muito tempo, parecia saída de um filme de ficção científica, está praticamente pronta para proporcionar experiências de pagamento mais simples, e acrescentar milhares de milhões de euros em valor económico à Europa. E chegará num abrir e piscar de olhos”, refere Charlotte Hogg citada no comunicado.
De acordo com Charlotte Hogg, superar a lacuna na escalabilidade das tecnologias de pagamento nas áreas acima mencionadas “vai proporcionar oportunidades socioeconómicas significativas para pessoas, empresas e economias”.
“A chave está nos dados. Estamos, de facto, a avançar para uma nova fronteira de pagamentos, em que os dados já não são uma matéria-prima, mas um recurso e uma ferramenta essencial, e que pode ser utilizada para criar grandes oportunidades de crescimento às empresas, e experiências de pagamento mais seguras e personalizadas”, conclui.
Ademar Dias