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Loulé: concerto de Mário Laginha assinala 10 anos da reinauguração do Cineteatro Louletano

Fará 10 anos, a 1 de fevereiro de 2021, que o Cineteatro Louletano reabriu após obras de reabilitação e o convidado – não por acaso – é exatamente o mesmo: o pianista Mário Laginha. Laginha desloca-se a Loulé em trio para um concerto online com os também consagrados Bernardo Moreira e Alexandre Frazão.

Este concerto é o resultado de uma residência artística que decorreu na cidade em julho de 2020, onde o trio de músicos de jazz apresentará temas inéditos do seu novo álbum bem como um novo videoclipe gravado em Loulé, uma obra que cumpre com dois objetivos: dar “rosto” a um tema e fazer chegar a mais pessoas através do vídeo este território que Laginha traz no coração: “A verdade é que sinto que tenho muitas raízes aqui e curiosamente, com o passar dos anos, parece que essas raízes me chamaram. Chego cá e parece que conheço isto tudo. Conheço pessoas, ando na rua e tal como já aconteceu, uma senhora disse-me: “Tu só podes ser filho da Maria José – a Maria José era a minha mãe – e isso é muito tocante, uma pessoa ir na rua e alguém me dizer que foi colega da minha mãe”, salienta o pianista e compositor Mário Laginha.

Contudo, o contexto, dado o cenário de pandemia COVID-19, forçou à suspensão de todos os eventos culturais presenciais a nível nacional. Daí a aposta num concerto em streaming (direto) através das redes sociais, de forma a chegar ao máximo de pessoas possível de forma gratuita e universal.

Para assinalar a efeméride, que coincide com o dia da Cidade de Loulé, para além do concerto online (via Facebook do Cineteatro Louletano) está previsto também o lançamento do novo videoclipe do trio, intitulado "Muirapuama", bem como a criação de uma curta animação de vídeo que retrata os 10 anos da programação da sala de espetáculos e ainda o lançamento da rubrica “Em palco…”, onde a equipa do Cineteatro se apresenta.

Vítor Aleixo, autarca louletano, considera a realização deste concerto “um ato simbólico, numa autarquia e num equipamento cultural que, nestes tempos de pandemia, têm ousado fazer Cultura em segurança, contribuindo para a dignidade dos profissionais da cultura. 10 anos de um equipamento que é uma referência a Sul e que a todos nos orgulha, um espaço que está na memória de muitos de nós como local de encontro e de partilha”. “Que venham mais 10 anos a fazer a diferença na região!”, acrescenta.

O importante papel do Cineteatro Louletano não é de agora: a sala, inaugurada em 1930, foi propriedade de e gerida por privados durante décadas, passando por fases mais ou menos conturbadas, atravessando uma guerra mundial (1939-1945) e uma Revolução (abril de 1974).

O equipamento – uma das salas de espetáculos mais antigas do Algarve - tem sido central na vida dos louletanos e, de uma forma mais abrangente, de todos os algarvios, não só pelos eventos que acolhe mas também, desde 2014, por um papel ativo na implementação de políticas culturais que extravasam o próprio espaço: é o caso das residências artísticas que permitem aos artistas locais e nacionais pensarem e produzirem Cultura, que depois se expande e circula pelo território nacional. Um dos casos mais recentes é o de Cristina Branco, que criou numa residência em Loulé em 2019 o seu novo trabalho, concerto que depois circulou em digressão pelo país a par de vários videoclipes gravados localmente.

Recorde-se que, devido à suspensão decretada pelo Governo com efeitos a 15 de janeiro no âmbito do Estado de Emergência, a programação presencial do Cineteatro Louletano que estava agendada teve de ser temporariamente adiada, sendo que muito em breve – em função do evoluir da situação da pandemia – novas datas serão anunciadas.

 

Ademar Dias

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